Loja Monstra

Sobre trompetes e açúcar

O relógio já bate quase 11h da matina. Tô no meu horário do desjejum. Desde que mudei pra meu novo apartamento tomo (i)regularmente café (com muito açúcar, apesar de não gostar adoçado) da manhã do Bar do Biu, que fica exatamente na esquina de baixo – caso contrário, duvido muito que o faria. Duas coisas […]

O relógio já bate quase 11h da matina. Tô no meu horário do desjejum. Desde que mudei pra meu novo apartamento tomo (i)regularmente café (com muito açúcar, apesar de não gostar adoçado) da manhã do Bar do Biu, que fica exatamente na esquina de baixo – caso contrário, duvido muito que o faria.

Duas coisas me levaram ao banquete matinal fartíssimo no boteco: não tenho gás encanado ainda, então não consigo fazer um ovo mexido ou   q u a l q u e r   coisa pra rangar, e o fato de ser barato para os padrões pinheirers. Mas a vida não opera em duas dimensões. Logo percebi o porquê de sentar ao balcão.

Família.

Sinto muita falta de casa, apesar de sempre visitá-la, e das pessoas. Acordar, tocar trompete (que eu nem sei tocar) só pra zoar, descer as escadas cantando, sentar à mesa e tomar o chafé de casa, comer um pão que pode ser do dia anterior ou do Gabriel com manteiga, talvez um sucrilhos se tiver, um copo d’água, ouvir Ana Maria, ver minha mãe de pijamas e minha vó lavando o arroz pro almoço, participar ou ouvir uma discussão de leve, uma fofoca. Porra. E às vezes é diferente, tipo quando meu irmão passa o café com canela. CARALHO, PRA QUÊ? Porra… Pqp. Com café não se mexe muito. E se mexer, a gente mexe só pra gente. PORRA! (Mas que ranzizisse é essa, campeão? Pode ser que ele tenha gostado e quis compartilhar com a família. Well, anyway)., mas o gostoso é a companhia. Como eu fui feliz e nem sabia! Hoje meu pão amanteigado com fofocas é o Beto quem faz.

Não temos muita intimidade, mas parece aquele começo de amizade, sabe? Que depende das pessoas se verem mais pra se acostumarem com a outra e conversar de coisas um degrau acima da meteorologia. Hoje, por conta do Tarzan que me acompanha no breakfast, ele me contou sobre seu cachorro – já tinha  contado essa mesma história um tempo atrás, mas eu não ligo, gosto de história repetida, geralmente quer dizer que é verdade – e como a música do Roberto Carlos “O Portão” deve ter sido feita pra ele por conta da parte do cachorro sorrir latindo. Ê Beto.

Cê nem sabe, mas um dia vou lembrar de você e pensar “tomava café com açúcar e nem sabia”!

 

 

(Esse texto foi publicado em 11 de Setembro de 2024 num blog esquecido. O autor alega ter improvisado uma lareira multiuso desde então)

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